A bicicleta, símbolo de mobilidade sustentável, vem ganhando terreno nas preferências dos brasileiros, refletindo não apenas a preocupação com o meio ambiente, mas também os benefícios para a saúde e o bem-estar. Em 2023, o Brasil testemunhou um aumento notável de 4% em sua rede de ciclovias, atingindo uma extensão total de 4.365 km, conforme dados da Aliança Bike.
A pesquisa, que abrangeu o período de junho de 2022 a junho de 2023, revelou um cenário encorajador, mas também desafiador. Embora a expansão das ciclovias seja um passo fundamental para incentivar a mobilidade, há uma lacuna entre o crescimento da infraestrutura e as demandas da sociedade. O vice-presidente da Aliança Bike, André Ribeiro, destaca a importância de continuar esse desenvolvimento para proporcionar soluções eficazes para o deslocamento urbano.
Dentre as capitais que lideraram o progresso na implantação de ciclovias, Palmas, no Tocantins, surpreendeu com um aumento impressionante de 39,8%, seguida por Maceió, em Alagoas, com 27%, e Brasília, no Distrito Federal, com um aumento de 20,8%. Florianópolis, em Santa Catarina, destaca-se ao apresentar 22,96 km de ciclovias a cada 100.000 habitantes.
São Paulo na Vanguarda:
Com uma extensa rede de 689,1 km, São Paulo lidera as capitais brasileiras comprometidas com a mobilidade sustentável. No entanto, um estudo do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da Universidade de São Paulo aponta desafios. Embora o sistema cicloviário da cidade tenha como objetivo reduzir desigualdades de mobilidade, há disparidades significativas, como a concentração de ciclovias nas áreas centrais, deixando as periferias desconectadas.
Apesar desses desafios, dados da CET indicam um aumento de 14% no uso do modo de transporte nos dois primeiros meses de 2023 em São Paulo. Essa tendência positiva é reforçada pela venda de 3,77 milhões de bicicletas em 2022, segundo a Aliança Bike, impulsionada pela redução de 3,9% no preço médio dos modelos elétricos e pela acessibilidade financeira via empréstimos pessoais.
A implementação da Lei 14.729, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, marca um passo crucial. Além de fornecer incentivos, a lei estimula a participação ativa da comunidade na construção de infraestrutura para o uso da bicicleta. Isso sublinha não apenas a importância, mas a transformação positiva necessária para a mobilidade no Brasil.
Liderança e Desafios nas Capitais:
Além de São Paulo, outras capitais se destacam pela extensão de suas redes cicloviárias. Brasília, com 636,89 km, o Rio de Janeiro, com 487 km, Fortaleza, com 419,2 km, e Salvador, com 306,64 km, demonstram um compromisso significativo com a mobilidade sustentável. No entanto, é essencial abordar as disparidades entre as regiões, garantindo que a expansão das ciclovias alcance todas as áreas urbanas.
O aumento nas vendas de bicicletas e o crescente interesse pelo transporte ativo indicam uma mudança positiva nas escolhas de mobilidade dos brasileiros. No entanto, é crucial que os gestores municipais e estaduais continuem investindo em infraestrutura e conscientização para garantir um ambiente seguro e favorável ao uso da bicicleta em todo o país.
Conclusão:
O aumento de 4% na rede de ciclovias em 2023 é um indicador positivo do crescente interesse pela mobilidade sustentável no Brasil. A liderança de São Paulo e o compromisso de outras capitais são passos significativos na direção certa. No entanto, é fundamental abordar os desafios, como as desigualdades na distribuição das ciclovias, para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a uma alternativa de transporte saudável e ecológica.
A legislação recente e os esforços das entidades envolvidas são promissores, destacando a importância de uma abordagem abrangente para promover a mobilidade por bicicleta. À medida que a conscientização cresce e a infraestrutura se expande, o Brasil está pedalando em direção a um futuro mais sustentável e saudável.
